quarta-feira, 15 de junho de 2011

Escritor da Semana

Soledade Summavielle

Conhecida e apreciada poetisa fafense, porventura o valor maior das letras do concelho, Soledade Summavielle Soares Camilo nasceu em Fafe, em 7 de Dezembro de 1907 e faleceu em Lisboa, onde viveu grande parte da sua vida, no dia 7 de Fevereiro de 2000.
Uma existência longa dedicada inteiramente à arte, esta a de Soledade: foi cantora e ceramista, mas seria na poesia que mais se salientaria a sua actividade artística. Fez os seus estudos secundários no Porto e foi aluna de canto na Academia Mozart dessa cidade. Durante o tempo em que frequentou aquela academia, tomou parte em todos os concertos e serões culturais ali realizados.
A sua feceta de cantora lírica é porventura a menos conhecida, conquando tenha atingido nela elevada notoriedade. Lembremos que Soledade cantou no Teatro-Cinema de Fafe e em locais de culto da época: no Teatro S. João do Porto, no Casino da Póvoa de Varzim, no Salão Nobre do Orfeão do Porto e no Teatro Nacional de S. Carlos, em Lisboa.
Colaborou em diversos concertos do pianista-compositor Thomas de Lima, em Serões de Outono na ex-Emissora Nacional, ao lado do pianista Sequeira Costa e em recitais de música portuguesa na Radiodifusão francesa, em Paris.
Atraída ainda pelas artes plásticas, a notável e saudosa artista fafense foi aluna do pintor Marques de Oliveira, tendo-se dedicado particularmante à cerâmica.
Simultaneamente, revelou-se como poetisa, publicando uma dezena de obras que a singularizam como uma das vozes mais fortes e sentimentais da poesia portuguesa.
Publicou o seu primeiro livro, Sol Nocturno, em 1963.
Seguiram-se Tumulto (1966),
Âmago (1967),
Canto Incerto (1969, Prémio da Academia de Ciências de Lisboa),
Búzio (1971),
Sagitário (1973),
Tempo Inviolado (1977),
Movimento de Asas (1984),
Escrínio (1987)
Em 1988, reuniu toda a sua obra poética no volume 25 Anos de Poesia. Em 1991, pulicou aquela que seria a sua última obra poética vindo a público, com o título Jardim Secreto.
Tem poemas em diversas antologias, designadamente, as colectâneas 800 Anos de Poesia Portuguesa (1973), Poetas de Fafe (1985) e Olhares (1977). Além disso, deixou colaboração dispersa por vários jornais e revistas (entre os quais, diversas publicações da sua terra natal), salientando-se a que prestou ao "Suplemento Literário" do Diário de Notícias, de que foi directora a poetisa e sua amiga Natércia Freire.
Em prosa, publicou as obras para crianças O Pirilampo do Bairro (1972) e Brisa - História de uma Andorinha (1979).
Traduziu as obras A estrela do fundo dos Mares, de Jacques Chabar, A Princesa da Lua, de Patrick Saint Lambert e A Estrela de Carlina, de Dielette.
Dirigiu a Colecção de Poesia "Convergência", da Sociedade de Expansão Cultural, a convite do escritor Domingos Monteiro, sócio gerente daquela editorial.
O Cenáculo Artístico e Literário "Tábua Rasa" distinguiu-a, em 21 de Janeiro de 1971, com um jantar de homenagem a que se associaram figuras altamente representativas das artes e das letras: Hêrnani Cidade, Natália Correia, Natércia Freire, João Maia, entre outros.
Analisaram e enalteceram a sua poesia figuras cimeiras da literatura nacional, como Jacinto do Prado Coelho, João Gaspar Simões, Hêrnani Cidade, Luís Forjaz Trigueiros, Natércia Freire, António Quadros, João de Araújo Correia, Guedes de Amorim e Amândio César, entre outros.
Soledade Summavielle nunca se esqueceu da sua terra e deixou em testamento donativos para instituições fafenses (Bombeiros Voluntários, Grupo Nun'Álvares, Banda de Golães, Banda de Revelhe, Conferência de S. Vicente de Paulo e Cercifaf).
Por altura do seu falecimento, a Câmara Municipal de Fafe deliberou incluir o nome da falecida poetisa na toponímia da cidade.
O Núcleo de Artes e Letras de Fafe, de que Soledade foi sempre amiga e associada, realizou uma comovida homenagem póstuma à poetisa em 1 de Junho de 2000.













Consulte as obras de Soledade Summavielle na Biblioteca Municipal.

Localização: FL 821.134.3-1 SUM



Fonte: Dicionário dos fafenses / Artur Ferreira Coimbra, 2010