sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

JÁ IMAGINOU LER UM LIVRO E SENTIR NA PELE A DOR DO PROTAGONISTA? AGORA JÁ É POSSÍVEL


As sensações dos protagonistas, como a dor, já não moram só no papel. Um livro inovador faz com que qualquer leitor se sinta literalmente na pele da personagem da história que está a ler.

Parece uma ideia saída de uma história de ficção, mas a verdade é que já existe um livro que permite ao leitor sentir fisicamente as sensações do protagonista da história que está a ler. Trata-se de um livro sensorial e "usável" que utiliza controlos de temperatura e de iluminação para imitar as experiências da personagem, essas são transmitidas através de uma espécie de colete que garante fazer com que se senta na pele do protagonista.

"As mudanças no estado físico ou emocional do protagonista são transmitidas discretamente ao leitor através do colete, seja com a alteração dos batimentos cardíacos, a criação de sensação de aperto ou estrangulamento, ou de oscilações de temperatura localizadas", explicam os criadores. As sensações vão-se alterando conforme a história avança, pois o livro consegue detetar a página que está a ser lida e conduzir as sensações que o protagonista se encontra a viver nessa altura através do colete que o leitor vestiu.

Designada de "ficção sensorial", a ideia foi desenvolvida por cientistas académicos Felix Heibeck, Alexis Esperança e Julie Legault no laboratório dos média do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos EUA.

"Ficção sensorial é sobre os novos modos de viver e criar histórias", dizem os responsáveis por esta inovação. "Tradicionalmente, a ficção cria e induz emoções e empatia somente através de palavras e imagens. Usando uma combinação de sensores e atuadores em rede, o autor de ficção sensorial fornece humor e emoção, sem deixar de haver espaço para a imaginação do leitor. Estas ferramentas podem ser manuseadas para criar uma experiência narrativa imersiva ao leitor", explicam.

Adam Roberts, escritor de ficção científica, caracterizou esta ideia sensorial de "incrível", mas diz também a ver como um pouco "infantilizada", por fazer lembrar aqueles livros mais interactivos, com botões e efeitos sonoros, que se compram às crianças. Para além disso, na sua opinião, "as emoções que começam na cabeça e que a partir daí se movem no corpo são muito mais eficazes do que os estímulos falso-emocionais imitados por luzes e blocos de pressão".