quinta-feira, 12 de abril de 2012

Último livro de Tabucchi já chegou às livrarias



"O tempo envelhece de depressa", o último título de Antonio Tabucchi, escritor falecido em Lisboa no passado dia 25 de março, chega hoje às livrarias, com a chancela das Publicações D. Quixote.
A obra é uma antologia de nove contos, em que "todas as personagens parecem estar empenhadas numa confrontação com o Tempo", escreve a editora sobre o derradeiro livro de Tabucchi, que é editado quase 30 anos após o primeiro publicado em Portugal, em 1983, "A mulher de Porto Pim", também uma coletânea de contos.

A morte marca presença em alguns dos textos de "O tempo envelhece depressa", nomeadamente em "O círculo", cuja ação narrativa começa numa reunião familiar por ocasião do 10.º aniversário da morte do avô Josef, de Saint-Gall.

Outra "estória", como escreve Tabucchi, intitula-se "Os mortos à mesa" e, ainda noutro conto, "Entre generais", afirma-se que "este país é pequeno demais para morrer". Neste conto, a memória remonta à Hungria de 1956, quando entraram os tanques soviéticos no país e a personagem László era um jovem oficial do exército magiar.

Em "Os mortos à mesa", um ex-espião da Stasi, a polícia política da antiga RDA, passeia-se por Berlim até confessar junto do túmulo do dramaturgo Bertold Brecht, que durante anos espiou, para depois ir comer num "restaurante de classe" onde se serve "um spaghetti com gambas, mais gambas que spagetti", escreve, para acrescentar, nas palavras do ex-espião para o dramaturgo: "No nosso tempo não havia sítios destes, perdemos o melhor".

Outro conto, "Bucareste não mudou nada", é uma nova reflexão sobre os "novos tempos" depois do comunismo, neste caso concreto, quinze anos após a morte do "casal condicator", escreve o autor, referindo-se a Nicolae e Elena Ceausescu, que durante décadas dominaram o país.



Fonte: DN ARTES