sexta-feira, 26 de setembro de 2014

QUATRO PORTUGUESES ENTRE OS FINALISTAS DO PRÉMIO PORTUGAL TELECOM DE LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA 2014


Ana Luísa Amaral, Gastão Cruz, Gonçalo M. Tavares e Alexandra Lucas Coelho estão entre os 12 finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2014.


Os quatro autores portugueses (que concorrerão com oito brasileiros) finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2014 foram selecionados entre os 64 livros classificados na etapa anterior.

Na poesia, Ana Luísa Amaral e Gastão Cruz concorrerão com Guilherme Gontijo Flores e Zuca Sardan. Já no romance, Gonçalo M. Tavares terá como concorrentes os brasileiros Carlos de Brito e Mello, Sérgio Rodrigues e Verônica Stigger.

Na categoria contos e crónicas, Alexandra Lucas Coelho terá de superar os brasileiros Antônio Prata, Luís Henrique Pellanda e Everardo Norões.


FINALISTAS CATEGORIA ROMANCE 2014

«A cidade, o inquisidor e os ordinários», de Carlos de Brito e Mello – Companhia das Letras
«Um “inquisidor” percorre a cidade apontando as falhas dos moradores que, por sua vez, aderem ao mesmo comportamento, e toda a cidade se converte numa espécie de auto de fé ou farsa. Com uma linguagem precisa que fere na altura exata, neste romance tudo pode ser lido indiretamente: a contaminação da fofoca nas redes sociais, a moralização dos arautos, a passividade moral, etc.»

«Matteo perdeu o emprego», de Gonçalo M. Tavares – Editora Foz
«Com uma fusão de ensaio e ficção, o romance arma-se como um jogo de xadrez: as personagens tocam-se e seguem adiante, em outros lances. No dia-a-dia cada um tangencia outras tantas pessoas – sem que se saiba que princípio organiza as redes impercetíveis dos nossos contatos. Ironicamente o autor escolhe a ordem alfabética para fazer a aparição das personagens. Matteo perde o emprego é uma metáfora da perversão do sistema: o especialista é alguém reduzido a ser uma peça na engrenagem; o desempregado é reduzido a aceitar o que as circunstâncias oferecerem»

«O drible», de Sérgio Rodrigues – Companhia das Letras
«Um péssimo pai, cronista de futebol aposentado, que, desenganado, decide reatar relações com o filho, para compor uma tragédia burguesa que atravessa a memória política dos anos 70 e os dolorosos descaminhos da memória particular. Sétimo título da obra de Sérgio Rodrigues, o romance é ainda uma narrativa de viagem, da memória e da busca de fabricação de um sentido que ligue os factos – mais sofridos que entendidos. Um ajuste de contas protelado como um drible, entre pai e filho»

«Opsanie swiata», de Verônica Stigger – Coisac Naify
«Uma narrativa que funde registros, jornais, cartas, postais dando uma dimensão plástica à memória em movimento de um pai polonês na busca de um filho na Amazônia. O romance cruza também as memórias literárias de viajantes anteriores, de Raul Bopp a Oswald de Andrade. Com uma ironia que contém a sentimentalidade no ponto exato. Verônica Stigger publicou o seu primeiro livro, “O trágico e outras comédias”, em Portugal»

FINALISTAS CATEGORIA POESIA 2014

«Brasa enganosa», de Guilherme Gontijo Flores – Editora Patuá
«Uma saborosa metafísica “enganosa” que relê clássicos nacionais, como Carlos Drummond de Andrade e Roberto Piva, indo da brevidade à composição de maior fôlego, a qual paga tributo humorado a Walt Whitman, nos versos da impagável “Song of itself”» 

«Observação de verão seguido de fogo», de Gastão Cruz – Móbile Editorial
«Os poemas de Gastão Cruz são concisos e imagéticos e falam de teatro e de performance para mostrar a situação do sujeito contemporâneo, esse ator anónimo ou desconhecido que talvez nem sempre se dê conta de que “Não é vida a imagem que se move”»

«Ximerix», de Zuca Sardan – CosacNaify 
«Comprovando que, nos dias atuais, a experimentação não é mais rutura com a tradição, mas um diálogo humorado com o maior número possível de tradições, Zuca Sardan é um novo tipo de dadaísta que revitaliza em língua portuguesa Edward Lear e Apollinaire, entre tantos outros mestres do passado, que ressurgem agora renovados»

«Vozes», de Ana Luísa Amaral – Editora Iluminuras
«Assume diversas “personae”, que são as vozes da memória e dos sonhos que habitam a sua poesia, a qual também incorpora, entre outras estratégias para dar conta da vertigem de reflexos, a tradução de Rainer Maria Rilke, que aparece no livro com “outra” voz»

FINALISTAS CATEGORIA CONTO/CRÓNICA 2014

«Asa de sereia», de Luís Henrique Pellanda – Arquipélago Editorial
«”Asa de Sereia” tem a cidade de Curitiba reinventada e examinada pelo cronista Pellanda. Ela é o palco onde ganham vida personagens impercetíveis, monumentos e ruas aparentemente comuns da capital paranaense, com uma grande dose de observação que vai desde a observação do voo de um grupo de garças, até a narração do infortúnio de um sabiá» 

«Entre moscas», de Everardo Norões – Confraria do Verbo
«O formato não convencional dos contos de Entre moscas imprime um ritmo arbitrário à leitura, exigindo que o leitor se concentre na melodia para alcançar seu encantamento. Norões constrói os personagens com nuances de medo, coragem, desprezo, desejo, ternura, solidez, tudo envolto em embalagem de sombra, em sentimentos mais resguardados do que revelados, deixando forte impressão sobre os leitores»

«Nu, de botas», de Antonio Prata – Companhia das Letras
«Em “Nu, de botas”, Antonio Prata revisita as passagens mais marcantes de sua infância. As memórias são iluminações sobre os primeiros anos de vida do autor, narradas com precisão e humor. As primeiras lembranças no quintal de casa, os amigos da vila, as férias na praia, o divórcio dos pais, o cometa Halley, Bozo e os desenhos animados da TV, a primeira paixão, o sexo descoberto nas revistas pornográficas - toda a educação sentimental de um paulistano de classe média nascido em 1970 aparece no romance»

«Viva o México», de Alexandra Lucas Coelho – Tinta da China
«Um passeio pelas principais cidades do México e também pelos seus temas, debates e aspetos culturais sem, no entanto, limitar-se a inchar os clichês, sublinhar o que os jornais já se cansaram de dizer ou reproduzir visões meramente pessoais. Alexandra Lucas Coelho, correspondente internacional de vários veículos portugueses, no Oriente Médio e na Ásia Central, viajando pelo mundo percebeu que a literatura vai a lugares que a reportagem não alcança.